Marcelo D2
Nascido em São Cristóvão e criado em Maria da Graça e Andaraí, Marcelo D2 sempre gostou de samba, funk e black music. Foi vendedor de móveis, camelô e entrou para o showbizz graças ao incentivo de um amigo que hoje já se foi. Suas letras endiabradas traduziam com exatidão o pensamento de Skunk, atiçando sua voz. A dupla era perfeita até que o parceiro exagerou na dose e se foi prematuramente.
A perda do amigo em junho de 94 marcou profundamente a vida e a carreira de D2, que criou o selo Positivo para ajudar no tratamento de crianças portadoras do vírus HIV. Skunk era o vocalista do Planet Hemp no início desta década. Mesmo com uma verdadeira legião de fãs, a banda circulava apenas no circuito alternativo carioca.
Skunk suou a camisa em shows em todos os lugares possíveis e inimagináveis, mas não viu a dimensão que o Planet ganhou. O CD “Usuário” (95) foi dedicado a ele e vendeu 300 mil cópias e o segundo, “Os Cães Ladram mas a Caravana não Pára” (97), ultrapassou o anterior em 50 mil unidades.
No álbum de estréia de sua carreira solo, Marcelo D2 mais uma vez deixa de lado apologias ou demagogias. Produzido pelo próprio D2, Zé Gonzales e Rodrigo Nantes, Eu Tiro é Onda (98) é quase sua biografia. Conta sua história em “1967”, fala o que quer na faixa-título e diverte quem é bom da cabeça, sem preconceitos, com “Samba de Primeira”.
Nem poderia ser diferente. Marcelo D2 passa de Lady Zu a Mestre André, apagando de uma vez a idéia de que quem gosta de hip hop não pode gostar de samba e vice-versa. Passando da Zona Norte à Zona Sul, da Leste à Oeste, o CD manda bem como passaporte e garante passe livre entre os ritmos às próximas gerações.