Turma do Pagode
Era uma tarde fria de junho, no ano de 1996. O pagode romântico embalava o BRASIL e ditava a moda nas rádios e nas TVs, porém um grupo de adolescentes contrariava a moda, faziam um samba de roda com músicas antigas e com coreografias que encantavam a todos no point da cidade de São Paulo, o disputadíssimo, Consulado da Cerveja. Os meninos transmitiam em seus sorrisos o nome do grupo ARTE DE AMAR, e era evidente que o amor embalava aqueles adolescentes que se conheciam desde crianças, e o sucesso da época caía como uma luva na roda de samba. Quando eu me sentava para tocar com eles aquela batucada parecia um sonho…
“A gente se fala no olhar… no olhar!
É água de chuva no mar… no mar!
Caminha pro mesmo lugar,
Sem pressa sem medo de errar
É tão bonito”
E bonito mesmo era ver que a cada sábado a feijoada ficava mais disputada, filas dobravam quarteirões, tudo para ver e ouvir uma turma que parecia estar num baile quando tocava. Foi assim minha paixão por estes meninos, que me ouviram, em 2001, quando sugeri que o grupo mudasse seu nome para TURMA DO PAGODE. Convencê-los foi difícil, mas como já tinha na manga a ideia de gravar um CD aí tudo ficou mais fácil, escolha de repertório, gravação, lançamento, pude acompanhar e ver de perto que entre tantas mudanças veio a maturidade, o profissionalismo e o BRASIL, tão carente de novidade artística não resistiu e abraçou esta TURMA como se abraça os amigos do bairro, da escola, do trabalho e principalmente do PAGODE, tenho em mim a certeza que valeu todo esforço ao ver o povo ecoar as músicas do grupo e como diz FERNANDO PESSOA, “TUDO VALE A PENA , QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”.
E para o bem de todos tem muita coisa boa por vir, senhoras e senhores sintam-se abraçados por estes que fazem de sua arte a arte de amar o samba. – Netinho de Paula